Canhão antigranizo que destrói gelo com ondas sonoras
Há
cerca de 45 anos, um agricultor espanhol observou que, enquanto seus vizinhos
sofriam com chuvas de granizo todos os anos, sua própria lavoura não era
atingida, apesar de estar localizada na mesma região. A única diferença era que
sua propriedade se encontrava sob a rota de aviões supersônicos. Intrigado, ele
conversou com diversos pilotos e concluiu que as ondas sonoras geradas pelas
aeronaves poderiam estar interferindo na formação do granizo. A partir dessa
ideia, desenvolveu uma máquina capaz de reproduzir esse efeito. O equipamento
permanece em funcionamento até hoje.
Inspirados
por essa solução, produtores de maçã, uva, pêssego, ameixa e, mais
recentemente, citrus, no município de Antônio Prado (RS), decidiram buscar uma
alternativa para conter os prejuízos causados por granizo após três safras
consecutivas de perdas. Com apoio técnico, visitaram o sistema implantado em
Pinto Bandeira (RS), representado no Brasil por Renato Pasini. A partir dessa
visita, iniciou-se uma articulação entre 16 famílias da comunidade de Vila
Santana, localizada em uma faixa territorial historicamente atingida por
granizo, que se estende de Garibaldi a São Joaquim (SC).
A
área total do grupo soma 160 hectares, sendo 91 hectares com histórico de
danos. Como cada canhão antigranizo protege até 80 hectares, foi definida a
aquisição de duas unidades, ao custo aproximado de R$ 1 milhão. Após várias
reuniões, acompanhadas pela Emater, 13 famílias permaneceram no acordo final,
estabelecendo que o rateio seria proporcional à área protegida por cada
produtor — quem possui 10 hectares paga por 10, quem possui 20 paga por 20, e
assim sucessivamente.
Para
gerenciar a operação, foi criada uma associação responsável pelo controle do
sistema via satélite, que identifica nuvens com potencial de formação de
granizo e realiza, automaticamente, os disparos de ondas sonoras — bem como
pela manutenção e reabastecimento das máquinas com acetileno, gás utilizado
para gerar as explosões. A tecnologia já havia sido empregada anteriormente no
Brasil em São José dos Pinhais (PR), para proteger pátios de montadoras de
veículos, onde registrava-se granizo anual. Após a instalação, os danos
cessaram. O funcionamento do canhão ocorre da seguinte forma: ao identificar a
formação de granizo, são emitidas ondas sonoras hipersônicas de 15 mil joules
em direção à atmosfera. Com isso, forma-se, em aproximadamente 15 minutos, uma
barreira protetiva na camada de ozônio. Nesse período, o canhão dispara a cada
sete segundos. Ao atravessar essa barreira, as pedras de gelo começam a se
fragmentar, transformando-se em água antes de atingir o solo.
Na
safra 2024/2025, as áreas protegidas pelas máquinas permaneceram livres de
granizo, enquanto as regiões vizinhas registraram novos episódios, como vinha
ocorrendo nas últimas safras. Para mais informações sobre o sistema,
interessados podem contatar o técnico agrícola Neudi José Balancelli, da Emater
de Antônio Prado, pelo telefone (54) 3293-1279, ou o representante da
tecnologia no Brasil, Renato Pasini, pelo telefone (54) 99605-7971.
Neudi José
Balancelli
Técnico agrícola
Emater – Antônio Prado

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